O promotor de Justiça de Garanhuns, Itapuan Vasconcelos, ofereceu denúncia contra o trio suspeito de canibalismo, preso no mês passado em Pernambuco. A ação penal, acolhida pela Justiça em sua totalidade, é referente apenas aos crimes cometidos na cidade e toma como base o inquérito instaurado pela polícia de Garanhuns, concluído na semana passada.
As investigações foram focadas nos assassinatos de Giselly Helena da Silva, de 30 anos, e Alexandra Falcão da Silva, 20, cujos supostos restos mortais foram encontrados no fundo da casa onde os suspeitos viviam em Garanhuns. O material foi submetido a exame de DNA, mas ainda não há resultado.
De acordo com o representante do Ministério Público, os indícios apontam que os corpos são, de fato, das duas mulheres.
— A Alexandra foi enterrada com os documentos pessoais. A Giselly também foi identificada. O exame de DNA é para complementar. Mas não há dúvidas.
Vasconcelos denunciou Jorge Beltrão Negromonte Silveira, 50, sua mulher Isabel Cristina Pires Silveira, 50, e Bruna Cristina Oliveira da Silva, 25, pelos homicídios triplamente qualificado das duas vítimas, ocultação e vilipêndio de cadáver e furto.
Bruna e Jorge responderão ainda por estelionato, porque teriam usado o cartão bancário de Giselly. Bruna também foi denunciada pelo crime de falsa identidade, uma vez que se apresentou ao delegado assumindo o papel de Jéssica, que seria a primeira vítima do trio, morta em Olinda. Há suspeitas de que seja a mãe da menina de 5 anos encontrada com os acusados.
— O inquérito de Garanhuns abriu um leque. Por exemplo, há o crime de falsidade na cidade de Conde, na Paraíba. A criança que estava com eles foi registrada falsamente neste município. Eles confessaram também que, na Paraíba, eram investigados em virtude do desaparecimento de uma pessoa também. Mas, por enquanto, não há dados concretos.
De acordo com o promotor, além das duas mortes em Garanhuns e de um homicídio em Olinda, o trio teria confessado o assassinato de outras cinco mulheres em Recife, totalizando oito vítimas.
Vasconcelos informou que pretende encaminhar cópias do inquérito policial de Garanhuns para várias cidades "onde existem indícios de cometimento de crimes" pelo trio.
— Em Paulista, na região metropolitana do Recife, por exemplo, eles são suspeitos de falsidade ideológica.
"Água e sal"
De acordo com o promotor Itapuan Vasconcelos, as investigações mostraram que o trio atraía as vítimas com falsa promessa de emprego. Giselly, no entanto, teria sofrido outro tipo de abordagem.
— O Jorge e a Isabel a encontraram ocasionalmente. Atraíram essa moça para que ela pudesse falar sobre a palavra de Deus para eles. Então, Isabel teria levado a Giselly até a casa deles para conversar com a Bruna. O Jorge teria surgido do quintal, armado com faca peixeira,e desferido um violento golpe no pescoço dela.
Conforme Vasconcelos, consta no inquérito que o trio comeu partes do corpo de Giselly durante quatro, cinco dias.
—Teriam tirado parte das nádegas, coxas e braços, que foram cozidos só com água e sal. Eles chegam a dizer isso. Retiraram o fígado para comer. E comeram partes do corpo durante quatro, cinco dias.
Sobre a hipótese, aventada durante a apuração, de que os acusados teriam feito salgados com carne das vítimas, o promotor afirmou que ainda não há confirmação.
— O Jorge foi perguntado se realmente isso ocorria. Ele respondeu que se fizeram, não era para ter sido feito. Não era para sair de dentro de casa. Eles diziam que recebiam uma entidade e que o motivo do crime é que, segundo eles, as vítimas eram impuras.
Com relação à seita Cartel, até agora, não há nada que indique que exista. O desenvolvimento do processo é que vai indicar se realmente existe ou não. Ou se não é fantasia deles.
Da Redação com Ne10